domingo, 21 de novembro de 2010

POIS BEM... (contradições da vida)

Aonde fica o trabalho do professor educador pai mãe psicólogo com uma decisão dessas?
O que realmente é a aprovação automática do que simplesmente passarmos o fracasso adiante e nos desvalorizar profissionalmente?
Com a avaliação "globalizada" , além de darmos conceitos ao conhecimento dos educandos, damos nota tbm ao comportamento, e a história de vida deles.
Se ele é filho de pais separados:"Vc não conhece a história dele? os pais se separaram, ele sofre.Se reprovarmos, ele vai sofrer mais ainda.Não podemos acabar com a auto estima dele..."
Se ele é um aluno fora da idade da série que está cursando o discurso é:"pelo amor de Deus, ele tem mais de 13 anos, não pode ficar mais um ano na escola!!!! passa ele assim mesmo, faz um relatório e pronto."
Tá....professor acuado.Aí vc "rasga" seu diploma, esquece tudo o que prega os pensadores sobre educação, todas as teorias aprendidas e PASSA O ALUNO SEM SABER NADAAAAAAAAAAAAAA!
Mas não esqueça: pra ser professor VC PRECISA DE ATUALIZAÇÃO, EXCELENTE FORMAÇÃO ACADÊMICA , UMA FACULDADE DE PEDAGOGIA, NÍVEL SUPERIOR, PÓS GRADUAÇÃO...mas seu aluno não precisa chegar aonde vc chegou!
Afinal,COITADINHO, ELE NÃO VAI CONSEGUIR NADA NA VIDA MESMO, NÉ?

MEC resolve o problema educacional sugerindo aprovação automática




Os gênios do MEC, ministério cuja existência faz tanto sentido quanto o Ministério da Justiça, decidiram acabar de vez com a repetência e evasão escolar. Segundo a visão magnífica dos técniCUS educacionais - que entendem tanto de ensino quanto o Adauto Lourenço entende de Evolução, Geologia, Física, Biologia, Química e todas as demais ciências - resolveram dar um basta nisso. Acham que a culpa disso, óbvio, é a reprovação. Para tanto, os digníçimus resolveram recomendar simplesmente que as escolas públicas e particulares passem a adotar aprovação automática nos três primeiros anos do Ensino Fundamental, tencionando expandir isso para TODOS os anos escolares.

Estou sem palavras ante a grandiosidade disso. Contei isso pra uma amiga professora e ela chorou de emoção. Obrigado, MEC, obrigado MEEEEEEEEEEEESMO.

Segundo uma inacreditável notícia do jornal O Globo, os retardados eleitoreiros do MEC resolveram ser mais idiotas que de costume, já que vivemos num país de débeis mentais. Para esta classe desclassificada, o péssimo rendimento dos alunos é fictício, apenas uma mostra que nossos sistema educacional está errado, já que o ensino meritório é errado. O mesmo ensino meritório que vinha dando certo há MILÊNIOS! Mas isso inibe os coitadinhos dos alunos e, portanto, deve ser abolido.

Ano passado eu demonstrei as vergonhas que apareceram com o PNAD. O MEC deve ter ficado horrorizado (NOT) com isso e resolveu mudar. Assim, o melhor é igualar a população. Revolução Já,companheiros. Para tanto, o que vamos fazer? Transformar todo o país num bando de analfabetos e analfabetos funcionais, até que consigamos a excelente marca de todo o país ser analfabeto. Daí, o Brasil será um paradigma na História Universal: O único país que passou da História para a Pré-História, já que ninguém mais saberá escrever. Os fóruns de discussão são um belo exemplo deste caminhar.

Em 9 de maio, o jornal Estado de São Paulo veiculou notícia dizendo que, segundo o MEC, o Bolsa Família foi responsável pela elevação do percentual de aprovações. O que uma coisa tem a ver com outra? Citando a reportagem, claramente parcial:

Com um menor grau de abandono dos estudos, os alunos do Bolsa-Família tiveram desempenho na educação semelhante à média dos estudantes matriculados nas classes de ensino fundamental das escolas públicas do País. No ensino médio, os beneficiários do programa de transferência de renda registraram índices de aprovação maiores.

Alguma dúvida que jornais são manipulados? O desempenho é tão bom que os índices do IBGE (que eu mostrei no artigo do PNAD) são alarmantes. Os bolsa esmola ajudaram tanto que o MEC quer aprovação automática, de modo a garantir uma legião de analfabetos. Qualquer dia, durante uma entrevista de emprego, a seleção será feita da seguinte forma:

Examinador: Então, senhor Adamarildo Riquimartim da Silva, o senhor quer uma vaga aqui. Gostaria de propor um teste, pode ser?
Adamarildo: Çim cenhô.
Examinador: Poderia, por obséquio, escrever o seu nome completo e o de seus pais nesta folha de papel?
Adamarildo: Er… mas imdenpidemti diço eu cerei contartadu, né? Afinau, temus apruvassaum tomática. :D
Examinador. Próximo!

Lendo o Visão Panorâmica (blog que eu recomendo), vemos o Arthurius Maximus comentar esta aberração:

Vagas para operários, vendedores, motoristas, operadores de produção (chão de fábrica), e outros trabalhadores com pouca exigência de qualificação, sobram no mercado e não podem ser preenchidas imediatamente devido à degeneração educacional de nosso povo.

Infelizmente, esses dados jamais chegarão aos lares brasileiros. Afinal de contas, mesmo que você fosse procurar, os achariam enterrados numa parte interna do jornal de domingo -quase sem nenhum destaque - e, para piorar, no caderno de economia. Vê-los na televisão, no rádio ou debatidos nas igrejas ou mesmo nas escolas então… uma mera utopia.

Deixe-me ver… Rádios? TVs? Um povo que se preocupa com Copa do Mundo e Big Brother? Os mais… cahan… instruídos estão preocupados com o ultimo capítulo de Lost. Debatidos em igrejas? I-GRE-JAS? O lugar que mais precisa de acéfalos manipulados? O lugar onde não há a menor intenção de ter pessoas com senso crítico? Não, estamos caminhando para o apocalipse intelectual, onde as Forças do Adversário ganharão a parada, pois larga maioria não quer ser culto, larga maioria não quer pensar, larga maioria não consegue ler um artigo com mais de duas linhas. Em compensação, o mesmo jornal O Globo informa uma grande aquisição no currículo escolar fluminense (fluminense é relativo ao Estado do Rio de Janeiro e eu terei que ficar explicando qualquer coisa “complicada”, por medo de não ter mais quem entenda): Ensino de História da MPB. Isso sim! Como eu poderia viver sem aprender algo tão útil e relevante como isso? Como eu poderia arrumar um emprego decente sem conhecer Emilinha Borba, Marlene, Chico Buarque e Lobão! Sim, Lobão; já que, segundo ele mesmo, se ele é músico, é popular e é brasileiro, então ele compõe MPB. Você discorda?

Políticos estão salivando como os cães de Pavlov a essa altura. Uma ideia dessas é excelente para angariar votos. Afinal, analfabetos podem votar e basta dijitá umdôstreis e prontu!

Não há muito mais o que falar sobre isso. portanto, deixo aqui como está a evolução no ensino da matemática (unidades atualizadas e a inflação não é levada em conta):

Ensino de matemática em 1950

Um cortador de lenha vende um carro de lenha por R$ 100,00. Sabendo que o custo de produção desse carro de lenha é igual a 4/5 do preço de venda, calcule o lucro.

Ensino de matemática em 1970

Um cortador de lenha vende um carro de lenha por R$ 100,00. O custo de produção desse carro de lenha é igual a 4/5 do preço de venda ou R$ 80,00. Qual é o lucro?

Ensino de matemática em 1980

Um cortador de lenha vende um carro de lenha por R$ 100,00. O custo de produção desse carro de lenha é R$ 80,00. Qual é o lucro?

Ensino de matemática em 1990

Um cortador de lenha vende um carro de lenha por R$ 100,00. O custo de produção desse carro de lenha é R$ 80,00. Escolha a única resposta certa que indica o lucro:
( ) R$ 20,00 ( ) R$40,00 ( ) R$60,00 ( ) R$80,00 ( ) R$100,00

Ensino de matemática em 2000

Um cortador de lenha vende um carro de lenha por R$ 100,00. O custo de produção desse carro de lenha é R$ 80,00. O lucro é de R$ 20,00. Está certo?
( ) SIM ( ) NÃO

Ensino de matemática em 2010

Um cortador de lenha vende um carro de lenha por R$100,00. O lucro é de R$20,00. Se você souber ler, coloque um X ao lado do R$20,00.
( ) R$20,00 ( ) R$40,00 ( ) R$60,00 ( ) R$80,00 ( ) R$100,00
OBS. Se não souber ler, você está aprovado.

APROVAÇÃO AUTOMÁTICA - ARTIGO DE OPINÃO 29 DE MAIO DE 2010.

- O Estado de S.Paulo

Depois de realizar três audiências públicas para discutir medidas para reduzir a evasão escolar, o Conselho Nacional de Educação (CNE) decidiu baixar uma resolução recomendando às escolas da rede pública e privada que não mais reprovem alunos matriculados nas três primeiras séries do ensino fundamental. Para entrar em vigor, a resolução ainda precisa ser homologada pelo ministro Fernando Haddad.

Segundo o último Censo Escolar, em 2008 foram reprovadas 74 mil crianças de 6 anos, que estavam aprendendo a ler e escrever. Ao justificar o modelo da aprovação automática, os membros do CNE afirmam que o ideal seria que as crianças passassem a ser avaliadas só depois dos 9 anos. Antes dessa idade, a reprovação dificultaria a alfabetização e seria um fator de desestímulo. No Nordeste, que tem as mais altas taxas de evasão escolar do País, a reprovação nas primeiras séries do ensino fundamental é apontada como uma das causas do problema.

"O Brasil tem uma cultura forte de reprovação. Como estamos atualizando as diretrizes, vamos recomendar fortemente o princípio da continuidade. Sabemos que as resoluções do CNE não têm a força de lei, mas direcionam o sistema educacional", diz a coordenadora de ensino fundamental da Secretaria da Educação Básica do MEC, Edna Martins Borges. Existem mais de 152 mil escolas públicas e privadas de ensino fundamental no País, com 31 milhões de alunos. Desse total, segundo o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), vinculado ao MEC, apenas 2 milhões teriam mais de cinco horas de aula por dia.

Pela decisão do CNE, cada escola terá autonomia para elaborar seu projeto pedagógico, o que lhes permitiria oferecer aulas extras e trabalhos especiais para alunos com dificuldades de alfabetização. Mas, para os críticos dessa decisão, não se pode dar tanta liberdade para as escolas ? principalmente as públicas. Eles põem em dúvida a capacidade dos professores de dar tratamento diferenciado aos estudantes mais fracos. Alegam que o modelo da progressão automática tem por objetivo reduzir os gastos dos Estados e municípios com ensino. E afirmam que, por não estar acompanhada de uma política de reorganização pedagógica, com apoio financeiro, a iniciativa do CNE trará mais problemas do que soluções.

"Boa parte das escolas brasileiras só tem professor e giz. Largadas à própria sorte, sem respaldo das Secretarias da Educação e do MEC, essas escolas dificilmente terão sucesso. A história já mostrou que, desacompanhada de professores bem formados, sem boa gestão e sem recursos corretos para ajudar no aprendizado, a progressão não dá bons resultados", afirma a coordenadora da Pós-Graduação em Educação da UniRio, Cláudia Fernandes.

Essa também é a opinião de quem terá de pôr em prática a resolução do CNE na sala de aula. "O MEC propor que professores criem alternativas, quando eles estão sobrecarregados, sem material didático, em escolas sem horário integral e lidando com pais que não podem acompanhar os estudos dos filhos, é a prova de que ele não conhece o que enfrentamos", diz a professora Inês Barbosa, responsável por uma turma de ensino fundamental numa escola municipal do Rio de Janeiro.

O modelo da progressão contínua começou a ser adotado há duas décadas em vários Estados. Os resultados foram tão insatisfatórios que, há alguns anos, na cidade de Várzea Paulista, próxima da capital, pais de alunos e o Ministério Público chegaram a entrar com recurso para suspender a experiência. A Secretaria Municipal da Educação conseguiu cassar a liminar e retomou a experiência. Boa parte dos alunos beneficiados com a aprovação automática se converteu em analfabetos funcionais.

A iniciativa do CNE é mais uma amostra dos modismos e improvisações que têm desorganizado o já combalido sistema de ensino básico. Para os pedagogos contrários à aprovação automática, se é perverso reprovar uma criança, mais perverso ainda é deixá-la frequentar a sala de aula e permitir que ela continue analfabeta.